Capítulo 1
1.
Na verdade, é
pela graça de Deus
Que o
conhecimento da Unidade surge.
Então, o homem é
liberado por fim
Do grande medo da
vida e da morte.
2.
Tudo que existe
no mundo das formas
Nada mais é senão
o Self, e o Self apenas.
Como, então, pode
o Infinito reverenciar a Si Mesmo?
Shiva é o Todo
não dividido.
3.
Os cinco
elementos sutis que se combinam para compor este mundo
São tão ilusórios
como a água numa miragem no deserto;
Para quem, então,
eu inclinaria minha cabeça?
Eu, em mim mesmo,
sou o imaculado Um.
4.
Verdadeiramente,
todo este universo é somente meu Self;
Nem dividido, nem
não-dividido.
Como posso mesmo
afirmar que ele existe?
Posso apenas
vê-lo com maravilhamento e temor.
5.
O que, então, é o
coração da mais alta verdade,
O centro do
conhecimento, a sabedoria suprema?
É: “Eu sou o
Self, o Um sem forma;
Pela minha
própria natureza, eu penetro tudo”.
6.
Aquele Deus único
que brilha com todas as coisas,
Que é sem forma
como o céu sem nuvens,
É o puro,
imaculado Self de tudo.
Sem dúvida alguma
é isso que Eu sou.
7.
Eu sou o infinito
e imutável Um;
Eu sou pura
Consciência, sem forma.
Eu não sei como,
ou para quem,
Alegria e
sofrimento aparecem neste mundo.
8.
Não tenho nenhum
karma mental, seja bom ou mau;
Não tenho nenhum
karma físico, seja bom ou mau;
Eu sou além dos
sentidos; eu sou o puro néctar do conhecimento do Self.
9.
A mente é sem
forma como o céu,
Ainda assim veste
milhões de faces.
Aparece como
imagem do passado ou como formas mundanas;
Mas não é o
supremo Self.
10.
Eu sou o Uno; Eu
sou tudo isso!
Todavia eu sou
indiferenciado, além de todas as formas.
Como, então, eu
considero o Self?
Como ambos o
mundo Imanifesto e manifestado.
11.
Você também é o
Uno! Como você não entende?
Você é o Self
imutável, o mesmo com tudo.
Você é
verdadeiramente ilimitável; você é a Luz que a tudo perpassa.
12.
Compreenda que o
Self é continuamente o Ser,
O Uno com tudo,
sem nenhuma divisão.
O “Eu” é tanto o
sujeito como o supremo objeto da meditação;
Como você pode
ver dois nAquilo que é Uno?
13.
Nem
nascimento nem morte tocam você;
Você
nunca foi um corpo.
É
mais conhecido como “Tudo é Brahman”;
As
escrituras têm declarado isso de várias formas.
14.
Você
é Aquilo que está dentro e fora;
Você
é Shiva; você é todas as coisas em todos os lugares.
Por
que, então, você está tão iludido/frustrado (deluded)?
Por
que você corre de um lado para outro como um fantasma assustado?
15.
Não
há nada do tipo união ou separação
para
mim ou para você.
Não
há eu, não há você, não há mundo manifestado.
Tudo
é o Self, e o Self apenas.
16.
Você
não pode ser escutado ou cheirado ou saboreado;
Você
não pode ser visto nem sentido pelo toque.
Verdadeiramente
você é a Realidade última;
Por
que, então, deveria estar tão perturbado?
17.
Nem
nascimento nem morte nem a atividade da mente
Nem
limitação nem liberação afeta você por fim.
Por
que então, meu querido, você angustia-se (lamenta-se) desta forma?
Você
e eu não temos nome ou forma.
18.
Oh,
mente, por que você é tão iludida/frustrada?
Por
que você corre de um lado para outro como um fantasma assustado?
Torne-se
consciente do Self indivisível!
Seja
livre dos apegos; seja feliz e livre!
19.
Na
verdade, você é a Essência imutável de todas as coisas;
Você
é a Unidade inamovível; você é a Liberdade sem limites.
Você
não tem apego nem aversão;
Por
que, então, se preocupa e sucumbe ao desejo?
20.
Todas
as escrituras unanimemente declaram
Que
a Realidade pura, sem forma e indiferenciada
É
a Essência de todas as formas.
Não
há absolutamente nenhuma dúvida sobre isso.
21.
Todas
as formas, compreenda, são apenas manifestações temporárias;
Somente
a Essência sem formas existe eternamente.
Uma
vez que esta verdade é realizada,
Não
há mais necessidade de nascer novamente.
22.
A
Realidade única é sempre a mesma;
É
isso que o homem sábio diz.
Se
você abraça ou renuncia ao desejo,
A
Consciência única permanece sem ser afetada.
23.
Se
você vê o mundo diferente do Self, ele pode ser experienciado como Unidade?
Se
você o vê como o Self, ele pode ser experienciado como Unidade?
Se
ele é visto como ambos o Self e como o não-Self, ele pode ser experienciado
como Unidade?
O
verdadeiro estado de liberdade é ver tudo como Uno.
24.
Você
é a pura Relaidade, sempre o mesmo;
Você
não tem corpo, não tem nascimento e não tem morte.
Como,
então, você pode dizer “Eu conheço o Self”?
Ou
como você pode dizer “Eu não conheço o Self”?
25.
A
fala “That thou art” (Tu és Aquilo)
Afirma
a realidade de seu verdadeiro Self.
A
fala “Nem isso, nem isso”
Nega
a realidade do composto dos cinco elementos[3].
26.
O
Self é a identidade de tudo;
Você
é tudo, a inquebrantável Totalidade.
Aquele
que pensa e o pensamento nunca existiram!
Oh
mente, como você pode continuar pensando tão descaradamente?!
27.
Eu
não conheço Shiva, como posso falar sobre Ele?
Eu
não conheço Shiva, como posso reverenciá-lo?
Eu,
mesmo, sou Shiva, a Essência primária de tudo;
Minha
natureza, como o céu, permanece sempre a mesma.
28.
Eu
sou a Essência, a Essência que tudo perpassa;
Eu
não tenho nenhuma forma por mim mesmo.
Eu
estou além da divisão entre sujeito e objeto;
Como
eu poderia ser um objeto para mim?
29.
Não
há esta coisa como uma forma infinita;
A
Realidade infinita ela mesma não tem forma.
O
Self único, a suprema Realidade,
Nem
cria nem sustenta nem destrói nada.
30.
Você
é aquela pura e imutável Essência;
Você
não tem corpo, nem nascimento nem morte.
Para
você, como poderia algo como ilusão/frustração ser?
Como
poderia ilusão/frustração existir para o Self?
31.
Quando
um jarro é quebrado, o espaço interno
Submerge
no espaço externo.
Da
mesma forma, minha mente submergiu em Deus;
Para
mim, aí aparece a não dualidade.
32.
Na
verdade não há jarra, nem espaço interno;
Não
há corpo e nem alma incorporada.
Por
favor, entenda: tudo é Brahman.
Não
há sujeito, não há objeto, não há partes separadas.
33.
Em
todos os lugares, sempre, e em todas as coisas,
Saiba:
apenas o Self existe.
Todas
as coisas, ambos o Vazio e o mundo manifesto
Nada
mais é senão o Self; disso tenho certeza.
34.
Não
há escrituras divinas, nem mundo, nem práticas religiosas imperativas;
Não
há deuses nem classes ou raças humanas,
Nem
estágios da vida, nem superior ou inferior;
Não
há nada senão Brahman, a suprema Realidade.
35.
Sujeito
e objeto são não-separados e inseparáveis.
Aquele
Uno não-dividido é você.
Quando
é assim, quando nenhum “outro” existe,
Como
poderia o Self ser objetivamente percebido?
36.
Não-dualidade
é ensinado por alguns;
Outros
ensinam a dualidade.
Eles
não entendem que a Realidade todo-penetrante
Está
além de ambas, dualidade e não-dualidade.
37.
Não
há cor ou som para a Realidade única;
Não
há nenhuma qualidade por fim.
Como
pode alguém pensar ou falar sobre Aquilo
Que
está além de ambas, mente e fala?
38.
Quando
você sabe que todo o universo de formas
É
vazio como o céu,
Então
você conhece Brahman;
Dualidade
para sempre cessará de existir.
39.
Para
uns o Self aparece como outro;
Para
mim o Self sou eu.
Como
o espaço não-dividido, apenas o Uno existe.
Como,
então, poderiam o sujeito e o objeto de meditação ser dois?
40.
Nada
que eu faça ou coma
Ou
dê ou tire
Existe
para mim;
Eu
sou a Pureza ela mesma, além do nascimento e da morte.
41.
Saiba
que a totalidade do universo é sem nenhuma forma.
Saiba
que a totalidade do universo é para sempre imutável.
Saiba
que a totalidade do universo é intocada/imaculada pelo seu conteúdo.
Saiba
que a totalidade do universo é da natureza de Deus.
42.
Você
é a Realidade última, não há dúvida.
O
Self não é algo conhecido pela mente;
O
Self é aquele que sabe!
Como,
então, poderia você pensar conhecer o Self?
43.
Maia,
Maia, como poderia ser?
Uma
sombra? Uma sombra? Ela não existe.
A
Realidade é Uma, é todas as coisas.
É
toda-penetrante, nada mais existe[4].
44.
Não
tenho começo, meio ou fim;
Eu
nunca fui nem nunca serei limitado.
Minha
natureza é imaculada, sou a própria Pureza.
Isso
eu sei como certo.
45.
Para
mim nem as partículas elementares
Nem
o universo inteiro existem;
Somente
Brahman é tudo.
Onde,
então, as castas ou os estágios da vida?
46.
Eu
sempre reconheço tudo
Como
a Realidade única indivisível.
Aquele
indivisível Um constitui o mundo,
O
Vazio, todo o espaço e os cinco elementos.
47.
Não
é neutro, nem masculino, nem feminino.
Não
possui nem intelecto nem poder de pensamento.
Como,
então, você pode imaginar que o Self
Seja
bem-aventurança ou não seja bem-aventurança?
48.
A prática
do yoga não vai te levar para a pureza;
Silenciar
a mente não vai te levar para a pureza;
As
instruções do Guru não vão te levar para a pureza;
Essa
pureza é sua Essência, é sua própria Consciência!
49.
Nem
o corpo grosseiro, que consiste dos cinco elementos,
Nem
o corpo sutil existe;
Tudo
é o Self apenas.
Como,
então, poderia o quarto estado ou os outros três estados existirem?[5]
50.
Eu
não estou limitado, nem estou libertado;
Eu
sou Brahman, e nada mais.
Eu
não sou o agente nem sou o que goza;
Eu
não perpasso nada nem ou perpassado.
51.
Se
a água for misturada com água,
Não
haverá diferença entre uma e outra.
É
o mesmo com matéria e espírito; [6]
Isto
está muito claro para mim.
52.
Como
eu nunca fui limitado,
Eu
jamais poderei ser libertado.
Como
você poderia pensar que o Self –
Com
e sem forma – poderia ser limitado?
53.
Eu
conheço a natureza do Ser único supremo;
Como
o espaço, Ele se estende por todos os lugares.
E
todas as formas que aparecem nEle
São
como a (ilusória) miragem da água no deserto.
54.
Eu
não tenho Guru ou iniciação;
Eu
não tenho discípulo e nenhuma obrigação a cumprir.
Compreendendo
que eu sou o céu sem forma;
Eu
sou a Pureza auto-existente.
55.
Você
é a única Pureza! Você não tem corpo.
Você
não é a mente; você é a suprema Realidade.
“Eu
sou o Self, a suprema Realidade!”
Diga
isso sem nenhuma hesitação.
56.
Por
que você geme, oh mente? Por que você chora?
Tome
a atitude: “Eu sou o Self!”
Oh,
querido, vá além dos muitos!
Beba
o supremo néctar da Unidade!
57.
Você
não possui inteligência, nem possui ignorância;
Nem
você possui uma mistura dos dois.
Você
é, você mesmo, Inteligência –
Uma
Inteligência que nunca cessa, nunca é perdida.
58.
Eu
não sou alcançado através do conhecimento, ou do samadhi ou do yoga,
Ou
pela passagem do tempo, ou das instruções do Guru;
Eu
sou a Própria Consciência, a Realidade última.
Como
o céu, ainda que eu mude eu sempre sou o mesmo.
59.
Eu
não tenho nascimento, nem morte nem nenhuma obrigação;
Eu
nunca fiz nada, seja bom ou mau.
Eu
sou puramente o Brahman, alem de todas as qualidades[7];
Como
poderia prisão ou libertação existir para mim?
60.
Se
Deus é o que tudo perpassa,
Imóvel,
completo, sem nenhuma parte,
Então
não há nenhuma divisão nEle.
Como,
então, Ele pode ser considerado “com” ou “sem”?
61.
Todo
o universo está brilhando como Uno,
Sem
nenhuma fenda ou quebra ou parte separada.
A
idéia de Maia é ela mesma a grande frustração;
Dualidade
e Não-dualidade são meramente conceitos da mente.
62.
O
mundo das formas e o Vazio sem forma:
Nenhum
deles existe independentemente.
No
Uno, não há separação ou união;
Em
verdade não há nada mas apenas Shiva.
63.
Você
não tem mãe, pai ou irmão;
Você
não tem esposa, ou filho ou amigo.
Você
não possui apegos ou desapegos;
Como
então você justifica esta ansiedade da mente?
64.
Oh
mente, não há nem dia (da manifestação) nem noite (da dissolução);
Minha
Luz contínua nem surge nem se desfaz.
Como
poderia um homem sábio sinceramente acreditar
Que
a Existência sem forma é afetada pelas formas?
65.
Não
é individida nem é dividida;
Não
experiencia nem sofrimento nem alegria.
Não
é o universo nem é o não universo;
Compreenda
que o Self é eternamente Uno.
66.
Eu
não sou o agente nem sou o desfrutador;
Não
tenho karma, nem presente nem passado[8].
Não
tenho corpo, nem todos estes corpos são meus.
O
que poderia ser meu ou não-meu para mim?
67.
Em
mim não há impureza como o apego;
Não
há dor corporal para mim.
Compreenda
que eu sou o Self; eu sou a Unidade.
Sou
vasto como o espaço, como o céu acima.
68.
Oh
mente, minha amiga, o que é o bem que muitos falam?
Oh
mente, minha amiga, tudo isso tem ficado mais claro.
Eu
tenho falado o que sei ser a verdade;
Você
é a Realidade última. Você é ilimitada, como o espaço.
69.
Não
importa onde o yogi vá morrer;
Não
importa como ele morrerá.
Ele
vai ser absorvido no Absoluto,
Como
o espaço dentro da jarra será absorvido (pelo espaço fora da jarra quando ela é
destruída)
destruída)
70.
Quer
ele morra perto de um rio sagrado,
Ou
numa choupana perdida,
Quer
ele esteja consciente ou inconsciente da sua morte,
Ele
submerge na Liberdade, na Unidade, apenas.
71.
Todos
os seus deveres, suas riquezas, prazeres e libertações –
Todas
as pessoas e objetos no mundo também –
Tudo,
aos olhos de um yogi,
São
como a (ilusória) água na miragem em um deserto.
72.
Não
há nenhuma ação,
Nem
presente nem passada ou futura,
Que
seja realizada ou desfrutada por mim.
Isso
eu sei, sem nenhuma dúvida.
73.
O
Avadhut vive só em uma choupana vazia;
Com
uma pura, equilibrada mente, ele está sempre contente.
Ele
se move ao redor, nu e livre,
Consciente
de que tudo é somente o Self.
74.
Onde
nem o terceiro estágio (sono profundo) nem o quarto estágio (samadi) existem,
Onde
tudo é experimentado como o Self apenas,
Onde
nem a justiça nem a injustiça existem,
Poderia
a prisão ou a libertação morar aí?
75.
Neste
estado onde nada é conhecido,
Este
conhecimento diversificado não existe.
Então,
agora, eu estou no estado de samarasa[9],
Eu,
o Avadhut, tenho falado sobre a Verdade.
76.
É
sem sentido diferenciar o Vazio do mundo das aparências;
É
obtuso falar de “Real” e de “irreal”;
Self
uno, imutável, existe apenas.
É
isso que todas as escrituras declaram.
Nesta
composição de Sri Dattatreya
Chamada
A Canção do Avadhut, é este o Primeiro Capítulo,
Intitulado
“As Instruções Sobre a Sabedoria do Self”.
Capítulo
2
1.
Você
pode ser jovem, iletrado e viciado em prazeres;
Você
pode ser um servente ou chefe de família, não importa.
Precisa
uma jóia de um Guru para ser valiosa?
Ou
ela é sem valor só porque está coberta de musgo?
2.
Você
pode ter falta de ensino ou de competência literária;
Você
não precisa de qualidades como esta.
Agarre-se
rapidamente à Verdade, e solte tudo o mais;
Mesmo
um barco sem pinturas te atravessará.
3.
O
Self aparece como ambos
O
mundo animado e inanimado;
Ainda
assim Ele permanece em seu estado de passividade;
Ele
é sempre pura Consciência, calma como o céu.
4.
Mesmo
aparecendo como o mundo animado e inanimado,
O
Self permanece para sempre Uno.
Onde,
então, está a divisão?
Não
há dualidade, isto é claro para mim.
5.
Verdadeiramente,
eu sou a mais alta Verdade! Eu sou Shiva!
Eu
contenho o mundo, tanto o sutil como o grosseiro.
Eu
não venho e nem vou.
Eu
não tenho movimento nem forma.
6.
Eu
não sou afetado pelas minhas partes componentes;
Por
isso, ainda que os deuses me adorem (cultuem),
Na
minha perfeita totalidade,
Eu
não reconheço distinções como deuses.
7.
Nem
dúvida nem ignorância
Pode
causar ondas de desprezo em mim.
Deixe
que as modificações da mente continuem a ocorrer;
Elas
são apenas bolhas emergindo para a superfície do lago.
8.
Os
elementos efêmeros que formam todas as coisas
Se
manifestam em muitos modos diferentes:
Algumas
coisas aparecem suaves, outras duras;
Algumas
coisas aparecem doces, e outras picantes.
9.
As
qualidades de clareza, frio e suavidade
São
todas qualidades da água.
Da
mesma forma, matéria e espírito (prakriti e purusha)
São
todas qualidades de uma só Existência.
10.
Para
além de todo dizer, para além de todos os nomes,
Para
além da sutileza de todas as coisas sutis;
Para
além da mente, intelecto e dos cinco sentidos,
O
imaculado Senhor do universo permanece sempre Um.
11.
Se
o Self universal torna-se conhecido,
Como
poderia “eu” continuar a existir?
Como
poderia “você”
Ou
o mundo sensível ou não-sensível permanecer existindo?
12.
O
Self é dito como sendo semelhante ao céu.
Em
verdade, Ele é como o céu;
Ele
é Pura Consciência, sem nenhuma mácula.
Ele
é verdadeiramente o Todo abarcante.
13.
Ele
permanece não-afetado,
Ainda
que tome a forma de terra, ar, água e fogo.
Ainda
que tome todas estas formas,
Ele
permanece sempre o mesmo.
14.
Todo
o espaço infinito é perpassado pelo Self,
Mas
nada perpassa o Self.
Ele
é simultaneamente com e sem;
Ele
não pode ser limitado ou dividido em partes.
15.
Ele
é extremamente sutil e não pode ser visto;
Ele
é primordial para todas as qualidades, dizem os yogis.
Ele
é o estado que subjaz
Todos
os outros estados temporários da mente.
16.
Através
da prática incessante da yoga,
Sem
apego a nada,
Pouco
a pouco o yogi se liberta
De
todos os efeitos das qualidades (gunas).
[1]
Desde que Brahman, o Self, está sempre para além das atividades de Maia, nem as
ações nem os resultados das ações (karma) pode dizer que afeta o Self.
[2] As
palavras ‘dia’ e ‘noite’ são usadas aqui para transmitir múltiplos
significados; elas significam o dia da manifestação universal e a noite da
dissolução; ou simplesmente a alternância diária de luz e escuridão. O Avadhut
aponta que estas alternâncias não afetam Brahman, o Self é sempre único, sempre
o mesmo, indiferente do surgimento e da desaparição do mundo.
[3]
Nas escrituras vedânticas, a frase Tat tvam asi Tu és Aquilo) refere-se a
Brahman, o Absoluto. Igualmente a frase frequentemente usada Neti neti (nem
isso nem isso) refere-se ao mundo da aparência (Maia), composto, segundo a
cosmologia védica, dos cinco elementos básicos: fogo, água, terra, ar e éter.
[4] O
autor nega a existência de qualquer realidade fundamental outra que não o
Absoluto, Brahman. Maia, ainda que aparente existir, não existe. Não há nada
secundário, nenhuma sombra acompanhante, ligada a Brahman. É Brahman, Ele
mesmo, que aparece como o mundo; e como Maia é um temro usado para significar o
mundo aparente, não pode lhe ser outorgado um status independente como realidade
em si, adicionada a Brahman.
[5] Os
vários estados da consciência, de acordo com a psicologia vedanta tradicional,
têm lugar nos quatro corpos que estão interrelacionados: a consciência desperta
no corpo grosseiro, estado de sonho no corpo sutil (astral), sono profundo no
corpo causal e samadi no corpo supra-causal. Sendo todos estes corpos produtos
de Maia, que é apenas aparência, os quatro estados da consciência também são
meramente islusórios não possuindo realidade eterna.
[6]
Prakriti e Purusha são sinônimos de Maia e Brahman, ou Shakti e Shiva. Prakriti
é a manifestação aparente de Purusha; ainda assim eles são o mesmo, como água e
gelo. Matéria é apenas a aparência do Espírito; a distinção entre ambos é por
fim ilusória.
[7]
Maia, a aparência mundana, consiste, de acordo com a tradição védica, de três
modos da mesma energia, pela qual cria a manifestação de todas as formas. São
as gunas, ou “cordas/margens” que compõe a estrutura inteira da natureza. Um é
o modo de energia positiva, ou ativa, chamado rajas; outro é o modo de energia
negativa, ou inibida, chamada tamas; e o terceiro modo de energia é neutro ou
equilibrado, chamado sattva. Estes são os três modos de energia de Maia; porem
Brhman, ou esja, o Self, é inteiramente não afetado pelo jogo das gunas. Ele é
nirguna, além das gunas.
[8]
Ver nota 1.
[9]
“No estado onde não se conhece nada” refere-se àquela consciência do Self na
qual toda a atividade mental cessou. Obviamente, o autor não poderia escrever
esta Canção neste estado de consciência, mas agora, como ele diz, ele está no
estado de samarasa (literalmente “mesmo sabor”), um estado periférico de
equilíbrio no qual ele retém a consciência do Self, como a percepção mental do
mundo em sua própria manifestação. É neste estado que ele tem escrito esta
Canção.
Um comentário:
Muitíssimo obrigado pela tradução Ananda Shala!! A continuação está prevista ?! rsrsrs
Grande abraço e muitíssimo obrigado mais uma vez!!
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