Zero!

A compreensão final é a aceitação do que É como o funcionamento da totalidade ou de deus. Porém, aquela aceitação não está em suas mãos. Na compreensão final, não há ninguém que se entrega, nem aquele que aceita, nenhum investigador e nenhum descobridor. Você sabe que você entendeu o ensinamento quando as perguntas se respondem por si mesmas. Você sabe que você entendeu o ensinamento quando as perguntas não importam mais e se dissolvem. O fim de todas as perguntas é a compreensão mais poderosa. Compreender significa que não há nenhuma necessidade de entender.   

Ramesh Balsekar




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 Todas as circunstâncias externas, atividades, posses e eventos são projetados para manter a mente entretida. Mas a felicidade está fora do campo da mente, está fora do funcionamento e da capacidade da mente. Acontece quando você coloca sua atenção em sua natureza inata.  

Quando você aprende a observar sem apego, a paz surge. A única coisa que pode tentar interferir com isto é sua identificação com pensamentos.   

Jac O'Keeffe




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Não há nenhuma lugar que você possa ir onde eu não estou, 

nenhum pensamento que você possa pensar no qual eu não estou, 

nenhuma respiração que você possa ter em que eu não estou,

nenhuma palavra que você possa falar em que eu não estou, 

nenhuma dor que você possa sofrer que eu não estou, 

nenhuma distância que você possa viajar que eu não estou e nenhum som que você possa fazer em que eu não estou. 

Você e eu somos um, abarcando a dança infinita do aqui e do agora. 

Mike Jenkins


 

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Para desfrutarmos desta paz e segurança absoluta 

nós não precisamos de qualquer dogma, sistemas de crenças, rituais ou práticas. 

Tudo que é necessário é abandonar a procura externa por isto. 

Nós temos que parar "de buscar pelo amor em todos esses lugares equivocados"; 

apenas reconheça, e relaxe totalmente naquela pura consciência que nós já somos. 

Colin Drake

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Eu sou Aquilo

Nisargadatta Maharaj 

"Imagine que um grande edifício se desmorona. Alguns quartos estão em ruínas, alguns estão intatos. Mas você pode falar do espaço como arruinado ou intato?
É só a estrutura que sofreu e as pessoas que estavam ali.
Nada aconteceu para o espaço.
De forma semelhante, nada acontece à vida quando as formas se desfazem e nomes são esquecidos.
Um ourives derrete velhos ornamentos para fazer novos.
Às vezes um pedaço bom vai com o ruim.
Ele faz isto sem a dificuldades, porque ele sabe que nenhum ouro está perdido.



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Compreensão Direta
 
Nisargadatta Maharaj


Tudo o que eu digo, você deve apreender diretamente, sem o filtro das 
palavras. Porque, se aceitamos as palavras, o que ocorre? Baseados nestas palavras, criamos um conceito; e logo, baseados neste conceito, o aceitamos como se fosse o que nós somos. Criamos uma imagem baseada num certo conceito, que se baseia, por sua vez, nas palavras que pensamos que estamos escutando. Mas isso não é jnana (o conhecimento-sabedoria). Apenas isso, que se aprende diretamente, é conhecimento. 

O conhecimento que tento transmitir não será aceitável para a pessoa 
mediana, inclusive se acontece dela estar interessada no conhecimento espiritual. A razão disso é porque espera algo do ponto de vista do corpo, desde esta identificação com o corpo. Nesse estado, como um objeto, quer conseguir algo – o conhecimento como um objeto – o que é impossível, porque o conhecimento é puramente subjetivo. 
[...] Todos vocês mantém um certo conceito, e tudo o que digo vocês tenham encaixar dentro dos limites deste conceito. Então dizem: “Sim, isto é aceitável para mim.” Vocês me escutam, uma vez, duas vezes ou várias vezes; então, ao final de um certo período, chegam a uma conclusão: “eu não me beneficiei muito com as palavras do Maharaj.” Por quê? Porque, com base nas palavras, vocês tentam criar 
uma imagem de vocês mesmos. E se o que digo ressoa segundo este conceito, então dizem: “sim, agora tenho o conhecimento e agora compreendo o que Maharaj disse e Maharaj tem razão.” Por quê? Porque o que digo encaixa com seu conceito. 
Gostaria de saber de todos vocês se o que eu digo lhes toca como verdade e se é benéfico. Repito: quando alguém aqui disse que seria benéfico? 
Quando concorda com o conceito que esse alguém diz, então vocês dizem: “sim, é benéfico.” E quando não concorda, dizem: “eu sinto, isso não me toca, não é para  mim.” 
Nós nos aferramos às palavras e aos significados, esquecendo de que o 
que somos é antes do começo, não só das palavras, senão também do primeiro pensamento básico.


OSHO E O SANNYAS

O sannyas não é algo que nenhuma outra pessoa possa dar a você. O sannyas é algo que se toma, mas ninguém pode dá-lo. Ou, melhor dizendo, exceto a própria existência, quem mais pode dar sannyas? Se alguém vem até a mim e diz, ‘Por favor, me dê a iniciação,’ eu lhe digo, `Como posso eu lhe dar a iniciação?` Eu posso apenas ser uma testemunha. A iniciação você a toma do divino; a iniciação você a toma da própria existência; eu, no máximo, posso ser uma testemunha disso, de que estava presente quando esse fenômeno aconteceu. Na verdade, o sannyas será uma questão de um relacionamento direto entre eles e a existência.

A iniciação é sua e é sua a iniciativa de oferecer a sua vida para ser transformada.

Sannyas significa coragem, mais do que qualquer outra coisa, porque ele é uma declaração de sua individualidade, de sua liberdade, de que você não será mais parte da loucura coletiva, da psicologia coletiva. Ele é uma declaração de que você está se tornando universal; você não pertence mais a país algum, a igreja alguma, a raça alguma, a religião alguma

Você não pertence a lugar algum – esta é a realidade. Todo anseio por pertencer é enganoso. A própria idéia de pertencer cria organizações; a própria idéia de pertencer cria a igreja – porque você não consegue estar só, você quer embrenhar-se em algum lugar numa multidão. Um sannyasin é alguém que aceitou a sua solidão. Ela é fundamental, não pode ser afogada. Ao se tornar um sannyasin, você não está se tornando parte de uma certa organização – isto não é uma organização, de jeito algum. Por se tornar um sannyasin, você está se tornando corajoso suficiente para aceitar um certo fato: que o homem existe em solidão.

“Estar só deveria ser sua única busca.
E isso não significa que você tem que ir para as montanhas, você pode estar só no mundo. Isso é simplesmente uma questão de estar atento, alerta, observador, relembrando-se de que você é apenas um pleno observador. Então você está só onde quer que você esteja. Você pode estar em uma multidão, você pode estar nas montanhas; isso não faz nenhuma diferença, você é apenas a mesmo pleno observador. Na multidão você observa a multidão; nas montanhas você observa as montanhas. Com os olhos abertos você observa a existência; com os olhos fechados você observa a si mesmo.
Você é somente uma coisa: o observador.
E esse observador é a maior realização. Essa é sua natureza búdica; essa é sua natureza iluminada, de seu despertar espiritual. Essa deveria ser sua única disciplina. Só isso faz de você um discípulo: essa disciplina de saber de sua solidão. Senão, o que faz de você um discípulo? Você tem sido enganado em todos os pontos da vida. A você deve ter sido dito que acreditar em um mestre faz de você um discípulo. Isso está absolutamente errado; senão, todas as pessoas no mundo são discípulos.
Alguém acredita em Jesus, alguém acredita em Buda, alguém acredita em Krishna, alguém acredita em Mahavir; todo mundo acredita em alguém mas ninguém é um discípulo, porque para ser um discípulo não significa acreditar em um mestre. Para ser um discípulo significa aprender a disciplina de ser você mesmo, de encontrar seu verdadeiro ser.”

“Não importa que você tenha se tornado um sannyasin; isto não vai mudar coisa alguma, a não ser que o seu sannyas desencadeie um estado meditativo em você.
Sem meditação não há sannyas.
Isto é apenas a sua consciência crescendo e se elevando – pouco a pouco se movendo além da gravitação das coisas mais baixas – e isto fará de você um sannyasin.”



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Alan Watts (1915-1973)
Filósofo - zen


Tentar definir a si mesmo é como tentar morder seus próprios dentes.

Você e eu somos todos tão contínuos com o universo físico como uma onda é contínua com o oceano.


Zen não confunde espiritualidade com pensar sobre Deus enquanto se está descascando batatas. Espiritualidade Zen é apenas descascar as batatas.
Alan Watts




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Uma vez que você sabe com certeza absoluta que nada 

pode perturbá-lo, 

a não ser sua própria imaginação, 

você chegou a desconsiderar os seus desejos e medos, 

conceitos e idéias 

e sabe o que é viver pela verdade sozinho. ♥

~ Nisargadatta Maharaj


Deixe ir seu apego pelo irreal e o Real vai rápida e suavemente desabrochar. Deixe de se imaginar sendo ou fazendo isto ou aquilo 
e a realização de que você é a fonte e coração de tudo amanhecerá em você. 
Com isto virá o grande amor que não é escolha ou predileção, nem apego, 
mas um poder que faz todas as coisas 
merecedoras de amor e amáveis.

(Nisargadatta Maharaj)



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O BUDA DISSE:
"Eu considero as posições de reis e governantes como as de ciscos de poeira.
Eu observo os tesouros de ouro e jóias como se fossem muitos tijolos e seixos.
Eu olho para as melhores vestes de seda como trapos rasgados.
Eu vejo miríades de mundos no universo como pequenas sementes de frutas,
e o maior lago da Índia como uma gota de óleo em meu pé.
Eu percebo que os ensinamentos do mundo são uma ilusão de magos.
Eu compreendo a mais elevada concepção da emancipação como um brocado dourado num sonho,
e vejo a santa senda dos iluminados como flores que aparecem em meus olhos.
Eu vejo a meditação como um pilar de uma montanha,
o Nirvana como um pesadelo do dia.
Eu olho para o julgamento do certo e do errado como a dança serpentina de um dragão,
e a ascensão e queda das crenças apenas como vestígios deixados pelas quatro estações."

Não busque a verdade, pare somente de ter opiniões.
(Sosan Hsin Hsin Ming)


Nada Permanece o Mesmo





Há que ter uma grande intimidade consigo mesmo.
Constatar as próprias pulsões,
Constatar as reações,
Sem a interferência de um julgar, de um querer mudar.

No início, o foco está nas pulsões,
Naquilo que se observa,
Porém, mais tarde,
Você se encontra unificado na observação silenciosa,
Nesta intimidade.

E este é o ponto de partida para poder tomar contato consigo mesmo;
Se não nos aceitamos totalmente
E ainda não nos amamos,
Não podemos amar o que nos rodeia.

Isto quer dizer que em nenhum momento há que comparar.
Quando nos comparamos com o que nos rodeia,
Separamo-nos do que nos rodeia.
E quando nos amamos,
Amamos o que nos rodeia.
Isto não deve ser uma idéia ou um conceito,
Mas tem que vivê-lo realmente.

No momento em que não há reação,
Não há separação.
É o eu que reage.
A maior parte das nossas ações são reações.
Numa atitude interior que não há reação
Não há separação.
A ação que flui daí
Flui da própria situação.
É sempre apropriada, estética e ética.
Nunca deixará resíduos em ti.

Jean Klein


“What day is it,?" asked Pooh.
"It's today," squeaked Piglet.
"My favorite day," said Pooh.”

"Que dia é esse?" perguntou Puff
"É hoje", retrucou Piglet
"Meu dia preferido!" disse Puff
Foto: “What day is it,?" asked Pooh.
"It's today," squeaked Piglet.
"My favorite day," said Pooh.”

Saber e Não-Saber / 

Conhecer e Não Conhecer - Tony Parsons


A história de Adão e Eva é uma alegoria que descreve a perda do "paraíso" através do despertar do 'conhecer a si mesmo'. Então, o que está indicado é que há o todo (wholeness), pleno, pura plenitude - o paraíso- e dentro deste todo sem fronteiras, flutuante, de uma energia que existe sem motivo, algo aparece e experiencia a si mesmo como sendo separado daquela plenitude (paraíso).

Há aqui uma metáfora apontando para o que parece ser a "história" do auto-conhecimento, a partir da qual é que aparentemente surgem o conhecimento, o saber, a experiência de livre-arbítrio, de escolha, tempo e espaço, propósito e direção.

A medida que a história se desdobra o eu aprende a conhecer "o mundo lá fora" e tenta negociar os melhores acordos possíveis para si mesmo... isto aparentemente se dá através do prazer, (encontrando prazer) e evitando e negando o sofrimento.  Quanto maior o conhecimento mais efetiva será a ação, os resultados e um aparente senso (sentido) de controle pessoal... ou é assim que parece.

Todos esses esforços trazem diversos resultados, e então o indivíduo chega a conhecer estados flutuantes de satisfação e decepção. Contudo, pode ser percebido que mesmo aí parece haver um senso de insatisfação subjacente que leva o eu a encontrar um significado ainda mais profundo.

Porque o eu aparente só pode existir através do seu próprio conhecimento, do seu próprio saber, sua busca por um significado profundo estará limitada por tudo aquilo que ele pode conhecer e experienciar por si mesmo. Destro destas limitações há uma multidão de doutrinas, teorias, ideologias, ensinamentos espirituais e sistemas de crenças que o buscador pode vir a conhecer. Aí também pode haver o conhecimento, o saber e o experienciar de estados de silêncio, quietude, bênção, consciência e desapego, todos aparentemente vindo e indo como a noite e o dia.

Todos esses ensinamentos, recomendações e prescrições tentam fornecer ao buscador respostas à respeito do que é in-conhecível, e, formas de encontrar o que nunca foi perdido.

Então o eu é o buscador 'separado' que vai atrás de tudo aquilo que ele acha que pode conhecer e fazer, exceto a ausência de si mesmo. Essa ausência é o vazio que é in-conhecível, mas paradoxalmente é também a própria totalidade, a plenitude (o paraíso) que é almejada.

Se o 'aparente' buscador se encontra / confronta com a percepção que revela em grande profundidade a real essência da separação e que também expõe, sem compromisso, a sublime futilidade da busca,  pode haver um colapso das bases sobre as quais o eu aparente está apoiado. Essa mensagem totalmente impessoal carrega consigo uma energia ilimitada dentro da qual a energia aparentemente contraída de eu se dissolve. Uma ressonância pode surgir que está além da própria consciência do eu... algo inefável pode ser compreendido / sentido... uma fragrância e uma abertura ao maravilhamento do não-saber pode emergir.

De repente, parece haver uma mudança e uma realização impessoal de que isso mesmo, em si, seja plenitude. A simplicidade sem limites, nua, inocente, livre e maravilhosa do ser é já tudo o que existe... e é extraordinária em sua ordinariedade e  ainda assim, impossível de ser descrita.   

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei imenso do primeiro texto.